Durante muitos anos, vi minha mãe, uma professora alfabetizadora que trabalhava 40 horas semanais, dedicar várias noites a passar roupas. Ela passava praticamente tudo, até mesmo peças que hoje me parecem desnecessárias, como cuecas. Mas será que, além do tempo, passar roupas consome tanta energia quanto imaginamos? E, mais importante: será que precisamos continuar com esse hábito tão rigorosamente?
Neste artigo, vou compartilhar essa experiência pessoal, analisar o consumo energético do ferro de passar e refletir sobre a real necessidade de passar tantas peças. Além disso, trarei dicas práticas de como otimizar o uso desse aparelho, quando for realmente necessário.
O consumo de energia do ferro de passar
Cresci acreditando que o ferro de passar era um dos principais responsáveis pelo aumento na conta de luz, especialmente por ser usado com frequência em casa. De fato, esse eletrodoméstico consome uma quantidade significativa de energia. Um ferro comum pode utilizar entre 1000W e 2000W, ou seja, em uma hora de uso, pode gastar até 2 kWh.
O maior gasto de energia ocorre durante o aquecimento do ferro. Por isso, ligar o ferro várias vezes ao dia para poucas peças acaba sendo ineficiente e aumenta o consumo. O consultor em eficiência energética Agenor Gomes Pinto Garcia, autor do livro Leilão de Eficiência Energética no Brasil, explica que, para economizar, o ideal é passar a maior quantidade de roupas possível de uma só vez, aproveitando o calor gerado.
Com algumas mudanças simples no uso, o impacto do ferro na sua conta de energia pode ser reduzido. Mas a pergunta que fica é: precisamos mesmo passar tantas roupas?
A necessidade de passar roupas: Uma reflexão
Relembrar minha mãe dedicando tantas horas à tábua de passar me faz questionar a real necessidade desse esforço. Naquela época, passar todas as roupas, até mesmo peças íntimas que ninguém veria, era quase um ritual. Hoje, isso parece excessivo.
Com o tempo, ela percebeu que muitas peças, como camisetas de algodão e roupas mais leves, acabam desamassando sozinhas ao longo do dia ou quando secas de maneira adequada. Essa nova abordagem trouxe uma liberdade à sua rotina — ao cuidar melhor das roupas no processo de secagem, ela reduziu drasticamente a necessidade de usar o ferro. Agora, ele é usado apenas em ocasiões especiais, o que também ajudou a diminuir o consumo de energia.
Esse costume de passar todas as roupas era muito mais comum em outros tempos, quando as opções para o cuidado com as peças eram limitadas. Hoje, podemos questionar essa prática e perceber que ela nem sempre é essencial, economizando não apenas energia, mas também tempo.
Dicas para reduzir o consumo de energia
Mesmo que o ferro de passar ainda seja necessário em algumas situações, há maneiras de usá-lo de forma mais eficiente. Veja algumas dicas para otimizar seu uso:
- Passe várias roupas de uma vez só: Como o maior gasto de energia ocorre no aquecimento, concentre o uso em um único momento para passar a maior quantidade de peças possível.
- Ajuste a temperatura de acordo com o tecido: Tecidos mais delicados não precisam de temperaturas tão altas. Usar a temperatura adequada economiza energia e preserva suas roupas.
- Use o vapor com moderação: O modo vapor consome mais energia, então, utilize-o apenas quando necessário para tecidos que realmente precisem desse cuidado.
- Aproveite o calor residual: Mesmo desligado, o ferro mantém calor por alguns minutos. Use esse calor restante para passar peças mais leves.
O ferro de passar é realmente o vilão?
Após essa análise, podemos perceber que o ferro de passar, embora consuma energia, não precisa ser o vilão da sua conta de luz. O segredo está em usá-lo com planejamento e de forma otimizada. Mas, acima de tudo, a verdadeira questão está na necessidade de passar tantas roupas.
Como minha mãe descobriu, muitas peças podem ser usadas sem precisar do ferro, o que não só economiza energia, mas também tempo. Reduzir esse hábito pode trazer uma sensação de libertação, ajudando-nos a adotar práticas mais sustentáveis e eficientes no dia a dia.